quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Cachorro quente dos melhores e excelente atendimento

Por Lia Sahadi
Especial para este blog

Seis horas da tarde é horário de pico no trânsito de Brasília e também nas imediações do carrinho de Cachorro-quente do Edvaldo. Localizado na 104 Norte há 22 anos, e sempre bem movimentado, foi indicado, em 2008, pelo Júri da Revista Veja, como um dos destaques gastronômicos da cidade.

O dono do pequeno negócio, Edvaldo dos Santos (na foto acima), tem 52 anos, é baiano e reside em Brasília desde 1976. Chegou a trabalhar até 1986 como porteiro na 105 Norte, mas a renda era muito baixa para o sustento da mulher e quatro filhos. Resolveu, então ,trabalhar nos finais de semana vendendo cachorro quente. O negócio deu tão certo que, após três anos, largou o emprego.


O Cachorro-quente funciona de domingo à sexta, das 18h às 23h, com a ajuda de um dos filhos e um sobrinho (na foto abaixo). Edvaldo, morador da Candagolândia, afirma que, a cada dia, gosta mais do que faz. Diz que é muito gratificante ver pessoas que freqüentavam, quando ainda muito jovens, seu estabelecimento e, agora, chegam com a família para o lanche da noite. Um de seus fregueses, logo que se mudou para Brasília, foi no carrinho do Edvaldo que primeira vez lanchou fora de casa, na capital. Agora, já casado, continua indo ali freqüentemente com a mulher e filhos.

Por R$3,00 compra-se o cachorro-quente completo que, além do pão e da tradicional salsicha, tem milho, batata palha, queijo mussarela e vinagrete. O refrigerante custa R$ 2,00. Diariamente uma média de 150 a 200 pessoas passam pel local para lanchar. O dia mais cheio é o domingo, quando bate aquela preguiça, na maioria das pessoas, de cozinhar à noite. Muitos dos seus clientes são freqüentadores da igreja, localizada em frente.

João Vitor Cavalheiro, 18 anos, estudante, é um dos clientes de seu Edvaldo. Conheceu o carrinho através de comentários de amigos e diz que é o melhor cachorro-quente que já provou. Tanto, que freqüentemente sai do Sudoeste, onde mora, até a Asa Norte para lanchar. Seu Edvaldo é um típico caso de sucesso, do qual podemos extrair uma dica valiosa: excelente produto aliada a um ótimo atendimento.

domingo, 17 de agosto de 2008

Nicho de mercado para os pequenos negócios: armarinhos com produtos e aulas de artesanato

A professora Joana vem de uma cidade vizinha dar aula em Ouro Fino e diz que compensa todas as despesas que têm com transporte e alimentação

Grandes lojas de departamentos há muitos anos abdicaram de ter um seção específica para as miudezas catalogadas como produtos de armarinhos: botões, elásticos, linhas, agulhas de costura, tricô ou crochê, lãs de todos os tipos e cores. Alegam dificuldades de controle do estoque e a pouca margem na comercialização desses produtos.

Ponto para micro e pequenos negócios, que continuam indo muito bem nessa lida de vender um pouquinho de tudo. Mas para aumentar a freguesia, muitos armarinhos estão inovando: passaram a vender também artigos especiais para presentes e material para artesanato. Há os que inovaram ainda mais. Se há espaço disponível, transformam parte das instalações em salas de aulas. Os professores são pagos diretamentes pelos interessados. E o armarinho ganha vendendo tudo que o pessoal precisa para tricotar, crochetar, bordar, ou fazer lindas caixas decorativas e utilitárias.

Alunas e professora são perfeccionistas: não deixam escapar nenhum detalhe capaz de deixar a peça mais bonita.

Este armarinho das fotos está localizado na principal rua de Ouro Fino, cidade do sul de Minas, a 13 de maio. O ponto é excelente e antes ali funcionava uma mercearia e depois um bem instalado mini mercado do Sr. Estanislau, que criou os filhos à frente do negócio. Mas Ouro Fino, perto de cidades grandes como Campinas e mesmo São Paulo, não está imune a concorrência de redes de supermercados que proliferam no interior, das quais quem vive em Brasília sequer tem noção.


Tudo que as alunas precisam pode ser comprado no armarinho que funciona no térreo. A sala de aula bem iluminada e arejada facilita a concentração no trabalho

Já velhinho, o Sr. Estanislau aposentou-se e passou o ponto para a filha que fez ali uma verdadeira revolução. Na parte de baixo, é um armarinho tradicional que também vende produtos para artesanato de todo o tipo. Em cima, passou a funcionar uma grande sala de aula. Cada dia uma professora diferente para uma diferente técnica. Neste dia, que estive lá, final de julho, ensinava-se como fazer caixas decorativas. Não resisti de tão lindas e comprei várias feitas pela minha prima Ângela.

Em Minas, o santo da devoção ainda é forte candidato ao batismo de pequenos negócios


Ao contrário dos grandes centros, onde a escolha do nome de uma empresa, mesmo pequena ou micro, é resultado de discussões de entendidos em marketing ou levam em conta a onda do momento em termos de moda e linguajar, no interior do Brasil, esse batismo não é nada complicado.

Grande parte dos negócios mineiros leva o nome do santo de devoção da família ou da comunidade, como acontece com este pequeno hotel de beira de estrada entre Itaúna, perto de Belo Horizonte, e Ouro Fino, bem no sul do estado, quase na divisa de São Paulo.

O hotel, com aparência de novinho em folha, não apenas ostenta o nome como a imagem da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Me contaram que, dar nome de santo a estes pequenos hotéis fora do perímetro urbano das cidades, é uma forma de se evitar que sejam confundidos com os de alta rotatividade.