quinta-feira, 31 de julho de 2008

Atividade autônoma de limpeza de veículos continua rentável no Distrito Federal

Texto e fotos Lia Sahadi
Especial para este Blog

Lava Rápidos, instalados em Kombis, já são marca registrada do Sudoeste, uma das regiões mais valorizadas do Distrito Federal. As Kombis são encontradas em praticamente todos as quadras. Faça chuva ou sol, estão sempre por lá, à espera de seus clientes. A idéia do negócio é creditada a um senhor chamado Hélio, o pioneiro ao lavar carros em meio às áreas comerciais do Sudoeste, há nove anos.

Emerson Francisco da Costa,33 anos, é um dos que aderiram à idéia. Hoje, 3 anos após ter largado seu emprego na área de informática para tentar a sorte como empresário, diz que não se arrepende nenhum pouco da mudança . Nesse ramo já conseguiu notáveis melhorias em termos de renda que, na su avaliação, devem ter prosseguimento.

Trabalhando de domingo à domingo, das 08h às 18h e cobrando de R$20,00 à R$30,00, dependendo do tamanho do carro, Emerson diz que consegue viver bem com esse dinheiro, que lhe permite pagar a escola de seus dois filhos, aluguel da moradia e ainda o salário de três funcionários, dois que trabalham todos os dias e um que vai aos finais de semana, quando o movimento é maior.

Há 3 anos no mesmo local, Emersom tem clientela assídua e acredita que a seriedade e a honestidade são a chave do sucesso. "Quando a gente trabalha certo, a gente acaba seguindo metas, e trabalhar honestamente é o nosso objetivo. Então acho que Deus tem nos abençoado", completa.

Tempo atrás, os lavadores de carros tiveram problema com a Administração do Sudoeste por estarem utilizando energia ilegal da rua e trabalhando de forma irregular no estacionamento. Resolveram então, se reunir para montar uma cooperativa. Porém, ainda não tiveram sucesso devido ao excesso de burocracia. Ma não desistiram e, dentro do processo de regularização da atividade criaram a Associação dos Trabalhadores de Limpeza e Conservação de Veículos Automotores; compraram geradores de energia, que se encontram dentro de cada Kombi, utilizam adesivos de identificação e uniformes. Tudo passou a ser muito organizado.

Segundo Emerson, o principal intuito da associação é continuar gerando empregos, sempre dentro da lei. Ele avalia que a grande concorrência nesse ramo, não atrapalha, pois hoje, em Brasília, há mais de um milhão de automóveis, segundo o Detran do Distrito Federal.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Chaveiros, a concorrência é grande


O quiosque parece uma extensão da casa do Seu Antônio: tem filtro de barro com água sempre fresca; garrafa térmica para o café; a proteção de Nossa Senhora e o afeto de retratos da família.

Texto e fotos de Lia Sahadi

Especial para este Blog

Quem mora no Plano Piloto, não precisa andar muito para encontrar aqueles pequenos quiosques oferecendo serviços 24 horas de chaveiros. Praticamente é possível encontrar um desses pequenos quiosques em cada uma das quadras comerciais, inclusive próximos às paradas de ônibus da W3 Norte e W3 Sul. E ninguem está parado, o que comprova que o indice de chaves perdidas está longe de diminuir. Além disso, os tempos são de aumentar a segurança nas casas. Assim, não falta pedidos para as chamadas chaves e fechadoras mais sofisticadas.

Antônio Barbosa, 58 anos (foto), estabelecido na Comercial da 104 Norte, está no ramo há 29 anos. Aprendeu o ofício com um cunhado, após ter saído de Ituverava, interior de São Paulo, onde ganhava seu sustento trabalhando em plantações de hortaliças.

Casado desde 1969 e com quatro filhos, veio para capital federal em busca de melhores oportunidades profissionais. Apesar das dificuldades do início, Seu Antônio diz que já ganhou muito bem, mas que hoje o dinheiro é apenas suficiente para o sustento da família, em razão da forte concorrência. Oferece vários tipos de serviços, desde cópias de chaves para carros e apartamentos até colocação de novas fechaduras. Após 13 anos, no mesmo local, Seu Antônio diz que gostaria de tentar outro meio de vido, mas confessa que tem medo de se arriscar e perder tudo que conseguiu até hoje, inclusive os amigos que fêz entre a conhecida clientela.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Sapateiro e poeta


Texto e fotos: Lia Sahadi
Especial para este blog


A poeira do teu rosto
tuas lágrimas não lavam.
O sujo da tua alma,
nem a água do rio, nem a do mar
nem a do lago Paranoá conseguem lavar.

Poema que fez quando Collor desceu
a rampa
chorando após renunciar para não ser cassado


Em uma barraquinha que mais parece uma caixa, trabalha Nelson Sebastião Souza, um sapateiro muito simpático que adora falar de política e, nos tempos vagos, adora escrever.
Seu Nelson, 73 anos, nasceu em Viana, interior do Maranhão. Aprendeu a confeccionar e consertar sapatos aos dez anos e , em 1963, mudou-se para Brasília, onde constituiu família.
Após 32 anos instalado em um pequena banca, em frente a uma das lojas da 104 Norte, mudou-se para a comercial da frente, a 103 Norte, onde está há três anos. Continua trabalhando aproximadamente 8 horas por dia, de segunda-feira a sábado.

Na pequena e improvisada sapataria, é prestado todo o tipo de serviço, desde troca de salto até tingimento de couro. Seu Nelson já fez sapato até para o presidente da Câmara dos Deputados, em 1963. Mas agora dedica-se a pequenos consertos, não produz mais sapatos.
O trabalho de sapateiro é a única fonte de renda da família. Reside com a esposa e uma filha. E, segundo ele, dá para levar a vida. Mesmo trabalhando tão extensivamente, Seu Nelson sempre arruma tempo para escrever poemas, que têm como principal assunto à política que “é seu gosto e desgosto”.

Diz que fica indignado com as injustiças que presencia no seu dia-a-dia. “Nesse país a mentira e a covardia caminham juntos, haverá de chegar o dia em que os homens se envergonharão de serem honestos”, lamenta-se.