É um bom momento para ser brazilianista
Por: Carlos Lopes (www.santafeideias.com.br)
O pleito presidencial de 2010 não pode ser visto como uma “change election”, como foram as eleições de Barack Obama (Estados Unidos, 2008) e de Lula (Brasil, 2002). A constatação é de Timothy Power, da Universidade de Oxford, coordenador do X Congresso da Brazilian Studies Association (Brasa), que vai ser aberto nesta quinta-feira em Brasília.
Timothy Power diz que se chegasse de Marte e examinasse os números da economia, com projeções de crescimento vigoroso, e os índices de aprovação do presidente Lula, da ordem de 80%, indagaria como é possível não projetar a eleição de Dilma Rousseff, candidata do PT.
Como não vem de Marte e é um especialista em estudos brasileiros, Power acredita que está diante da mais apertada eleição presidencial desde 1989, contrapondo uma candidata pouco conhecida, com um cenário favorável, a um candidato muito conhecido, José Serra, em um cenário desfavorável
Na opinião de Timothy Power, o quadro é positivo para o nome governista, independentemente de ser Dilma, e torna difícil a construção de um discurso de oposição. Esses dados são ponderados pelo fato de Serra ter governado São Paulo, com 22,3% do eleitorado nacional, e pela força do recall no Brasil.
Autor de um trabalho que vai apresentar no X Congresso da Brasa sobre a bipartidarização da política brasileira, considerando o domínio de PT e PSDB nas eleições presidenciais desde 1994, Power acredita que os dois partidos sejam confiáveis para os observadores estrangeiros.
Ele não descarta a candidata do PV, Marina Silva, o PMDB e o Democratas como fontes de propostas, mas avalia que funcionem como coadjuvantes.
Para Timothy Power, se a questão reside na possibilidade de o desfecho eleitoral afetar os investimentos no Brasil a resposta é “não”. Para um doutor em ciência política, como ele, o campo de observação é muito mais amplo.
“O Brasil está quente, principalmente nesta década”, diz, avaliando a recuperação econômica, a redução das desigualdades e os programas sociais, copiados por outros países. Os brazilianistas, que promovem estudos no exterior e incentivam o aprendizado da língua portuguesa, estão tendo, segundo Power, o trabalho facilitado.
Ele considera que nos próximos cinco a dez anos o Brasil vai ser um dos países mais discutidos do mundo, contribuindo para isso a conquista do direito de realizar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. “É um bom momento para ser brazilianista”, garante.