domingo, 13 de julho de 2008

Passageiro, profissão repórter

Começo, neste tarde de domingo de julho, em Brasília, a enfrentar um novo desafio profissional. O de registrar o que chamo de evolução na área dos pequenos negócios e principalmente no que se refere às finanças voltadas para o segmento. Isso, a partir de minha experiência de jornalista que, há pelo menos cinco anos, vem se especializando no tema, depois de 26 anos na cobertura econômica como setorista do Ministério da Agricultura, Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda e Palácio do Planalto, mais o trabalho em consultoria política.

Comecei como repórter, em abril de 1977, estagiária no Jornal do Brasil. Na verdade, considero esse estágio meu primeiro emprego e dos melhores. Tive praticamente apenas uma semana para aprender a trabalhar como gente grande. Naquele ano de trabalho intenso eu respirava o mesmo ar de gigantes do jornalismo como Carlos Castello Branco, o Castellinho, e sempre me emocionava ao vê-lo passar sério, pequenino e majestoso pela redação. O primeiro dia que botei os pés e o coração numa redação resolvi que ali seria minha casa para sempre e tudo que eu queria na vida era ser um passageiro, profissão repórter.

Logo de início me deparei com uma grande discussão sobre aplicação e gestão de recursos públicos, acompanhando os trabalhos do Tribunal de Contas de União (TCU) , que com a abertura política passou ter grande relevância noticiosa. Passei também pelas comissões econômicas do Congresso. Foi um período muito gratificante, quando já de início mereci o reconhecimento de jornalistas de experiência comprovada como Silvio Roncador e Antonio Belluco, infelizmente já falecidos. Foram meus primeiros mestres.

Depois do JB, trabalhei sucessivamente no Jornal de Brasília, Correio Braziliense, Empresa Brasileira de Notícias (mais tarde Agência Brasil da Radiobrás), Diário do Comércio e Indústria de São Paulo, Folha de São Paulo e Investnews , o serviço de Tempo Real da Gazeta Mercantil. Sempre mudando de emprego a partir de convites. No Correio Braziliense, fui repórter exclusiva da Agência Anda, coordenada pelo Carlos Alberto, jornalista especialmente generoso e competente. Meu outro grande mestre.

No Jornal de Brasília passei pouco tempo e cuidei de uma coluna de nome engraçado, mas bastante lida chamada 'Dona Laura vai às compras' com dicas de preços aos consumidores, importante em tempo de inflação alta. No Correio Braziliense, além de cumprir as pautas da Anda, cobria julgamento de presos políticos no plenário do Supremo Tribunal Militar, o que invariavelmente rendia manchetes principais.

Fiz parte, em 1980, da primeira equipe da Empresa Brasileira de Notícias, que implantou o jornalismo em tempo real no Brasil, sob a regencia do querido jornalista José Escarlate, que vinha de extensa passagem pelo O Globo. Para o DCI fui levada pelo meu amigo Ijalmar Nogueira e, para a Folha, por outro amigo, o Helival Rios. Também fiz parte da primeira equipe do Invest News, sob a regência da querídissima Rosa Dalcin, que apareceu, em casa, para me fazer o convite, numa manhã inesquecível, enquanto eu ainda tomava o café.

Antes de começar na Agência Sebrae de Notícias, em março de 2003, também a convite do meu amigo Ijalmar Nogueira, trabalhei por cinco anos na Consultoria Santáfé Idéias, de Brasília, a convite de Etevaldo Dias e sob a supervisão do competentíssimo Carlos Alberto Lopes, que me ensinou a juntar as pontas dos processos decisórios do Executivo, Legislativo e Judiciário. Uma experiência que agregou grande valor ao meu trabalho de coleta de informação, redação de notícias e de análise econômica.

No Sebrae dei outro salto profissional ao acompanhar de perto, desde o início, o trabalho do economista Carlos Alberto dos Santos, primeiro como assessor da Presidência, depois como gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros e agora como diretor de Administração e Finanças.

Digo que conheci, na minha vida profissional, vários Brasis: o da abertura democrática, mas ainda comandado pelos generais Geisel e Figueiredo; o da consolidação democrática e das crises e planos fracassados de estabilização econômica; o da democracia plena e do Plano Real e, agora, o também da democracia plena e de consolidação do desenvolvimento socioeconômico.

Nos meus comentários e notícias tratarei de sempre atentar para os contextos que regem a dinâmica de um segmento vital ao desenvolvimento brasileiro. Espero ter muitos companheiros nesta jornada. Este blog e o diálogo que inicio com leitores, empresários, economistas, representantes de instituições financeiras, especialistas e interessados em geral sobre o tema marcam o primeiro dia do resto da minha vida de repórter e também, sem falsa modéstia, de analista.

Ufa! escrevi demais. E, ao reler o texto vi que fiz uma espécie currículo. O primeiro da minha vida e, justamente para me garantir no meu próprio blog! Não deixa de ser engraçado.

Um comentário:

Unknown disse...

Clarinha, adorei esse texto. Que eu possa ter pelo menos metade da experiência que você adquiriu nesses anos de profissão. Boa sorte nesse blog que tem a sua cara!
Beijos