O Congresso vai debater a crise financeira e seus efeitos no Brasil. É com esse objetivo que a Câmara realiza uma comissão geral, nesta terça-feira (21) e a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado se reúne extraordinariamente na quarta (22). Guido Mantega e Henrique Meirelles estarão nos dois eventos.
A reunião da Câmara ainda deve colocar em pauta a formalização da autonomia operacional do Banco Central, como defende o partido Democratas. Como o DEM é um dos principais partidos do Senado, é provável que o tema também seja abordado naquela Casa.
Efetivamente, não se deve esperar muito da comissão geral da Câmara, assim como da reunião no dia seguinte na CAE do Senado. A tendência dos membros do Executivo é de apresentar discursos destacando as boas condições da economia brasileira diante do mundo. Apesar disso, não se deve perder de vista a possibilidade de surgirem informações aqui e acolá. Exemplo disso é o “pacote” que o governo está para anunciar com o objetivo de ajudar o setor de construção civil. Os comentários são de um volume da ordem de R$ 3 bilhões.
Embora o ministro Guido Mantega continue a se mostrar otimista, defendendo como medida anticíclica que o país não coloque o “pé no freio” o governo quer evitar reflexos da crise no emprego. Os dois milhões de empregos formais já registrados em 2008 explicam, em parte, os excelentes índices de popularidade do governo e do presidente Lula.
Esse cenário pode mudar, não havendo dúvidas de que tais impactos preocupam o Palácio do Planalto. Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesse domingo no “Estado de S. Paulo” mostra que a crise já está afetando as expectativas da população, na qual 45% esperam “um Natal mais magro do que no ano passado”. A pesquisa ouviu 400 pessoas com renda familiar até R$ 1.200, classificadas nas classes C e D. Segundo o Ibope, 69% ouviram falar na crise e 42% acham que ela já chegou ao Brasil.
A última semana antes da realização do segundo turno eleitoral, com indefinições em centros como Rio de Janeiro e Salvador e possibilidades de reversão que ninguém despreza, reservam ao Congresso basicamente o debate econômico. Nem Câmara nem Senado prevêem sessões deliberativas no período.
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