quarta-feira, 23 de julho de 2008

Taxa básica de juros, Selic, aumenta de novo e deve fechar em dezembro perto dos 15% ao ano


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira, 23, a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto porcentual, para 13% ao ano. A alta, a terceira consecutiva e é a maior desde fevereiro de 2003, início do governo Lula. A decisão, unânime e sem viés, já havia sido aantecipada pelo mercado financeiro, levando-se em conta a piora das expectativas inflacionárias tanto para 2008 como para 2009. A dúvida era sobre a intensidade do aperto monetário.

"Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13,00% ao ano sem viés", diz o comunicado divulgado após o encontro.

A decisão sinaliza que o Banco Central não permitirá que a inflação saia do controle. Espera-se com isso minimizar o repasse dos aumentos de preços do atacado para o varejo, girando atualmente em torno de 10%. As decisões do Copom miram os próximos seis meses. Dessa forma, já trabalha para a convergência dos índices para o centro da meta, que é de 4,5%, em 2009.

A forte elevação tem também o objetivo de se tentar um ciclo mais curto de correção da taxa Selic e, com isso, um menor impacto nos níveis de investimento no País. Ou seja, o Banco Central quer conter a inflação, mas não quer provocar uma recessão. O objetivo é desacelerar o crescimento econômico do patamar de 5,4%, verificado em 2007 para algo entre 4% e 4,5% no próximo ano.

A última pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada na segunda-feira, 21, mostrou que o mercado financeiro elevou a expectativa para a inflação deste ano para acima do teto da meta. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o da meta de inflação - já é de 6,53%. A avaliação é que Selic continue subindo e feche , em dezembro, próxima de 15% ao ano. No período de 12 meses terminado em junho, medida pelo IPCA, o índice da meta de inflação, apurado pelo IBGE, já está em 6,06%.

Os preços têm subido em praticamente todos os segmentos, o que se reflete em vários indicadores. No Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que reajusta os contratos de aluguel, por exemplo, a expectativa de alta passou para 11,96%.

Com a inflação acima do centro da meta, as projeções para o nível do juro vêm subindo. Agora, o mercado acredita que a taxa deve terminar o ano em 14,25% ao ano. Porém, para 2009, o mercado prevê uma redução gradativa do juro, com a Selic encerrando o ano que vem em 13,75% ao ano, ante estimativa anterior de 13,50% ao ano.

A ata desta reunião será divulgada em 31 de julho, quinta-feira da próxima semana, às 8h30. O Copom reune-se novamente nos dias 9 e 10 de setembro.

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