terça-feira, 16 de setembro de 2008

Continua o quebra-quebra de bancos de investimentos...

O Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, pediu concordata, nesta segunda-feira, 15, após incorrer em perdas bilionárias em decorrência da crise financeira global. Temores de que a carteira de ativos do banco, em grande parte ancorada em valores hipotecários, valia muito menos do que o originalmente estimado minaram a confiança na instituição de 158 anos. Do ano passado para cá, Lehman Brothers viu suas ações despencarem mais de 95%. A seguir, entenda as causa da quebra do banco e as conseqüências para o mercado financeiro e os seus clientes.

O Lehman Brothers é considerado um dos maiores operadores de empréstimos a juros fixos de Wall Street e havia investido fortemente em títulos ligados ao mercado do chamado subprime, o crédito imobiliário para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência. Com esses investimentos agora considerados arriscados demais, analistas dizem que era inevitável que aumentasse a desconfiança em relação ao Lehman Brothers - particularmente depois do colapso do banco Bear Stearns, no início do ano.

No período de junho a agosto do ano passado, o banco anunciou uma baixa contábil de US$ 700 milhões, ao revisar o valor de seus investimentos em hipotecas para imóveis residenciais e comerciais. Neste ano, esse valor subiu para US$ 7,8 bilhões, levando o banco a anunciar, na semana passada, o maior prejuízo líquido de sua história. O banco também admitiu que ainda possuía US$ 54 bilhões em investimentos atrelados ao mercado imobiliário com risco potencial de difícil avaliação.

Com a desconfiança a respeito da segurança desses investimentos, houve uma queda no valor das ações da empresa na semana passada, em meio ao fracasso de negociações para levantar bilhões de dólares para dar garantia de solidez a investidores. ]

Fundado em 1850 por três judeus imigrantes da Alemanha, o Lehman Brothers é há décadas um proeminente banco de investimentos de Wall Street. Suas operações são com governos, companhias e outras instituições financeiras e emprega 25 mil pessoas em todo o mundo. Seu principal negócio é a compra e venda de ações e ativos de renda fixa, pesquisa, gerenciamento de investimentos e fundos. Desde o início da crise nos mercados financeiros, a instituição viu o valor de sua ação encolher de US$ 82 para menos de US$ 4, uma queda de 95%.

Efeitos colaterais

O colapso da instituição provavelmente será sentido por milhões de pessoas em todo o mundo - pelo menos indiretamente. Muitos bancos e fundos de pensão têm negócios com o Lehman Brothers ou com firmas como fundos de hedge que operam exclusivamente com o banco.

Desatar as complexas relações do Lehman Brothers pode levar semanas ou até meses. Neste tempo, o mercado financeiro permanecerá confuso. Muitos bancos não saberão exatamente em que medida estão expostos ao Lehman, e será difícil liberar recursos nestes casos.

Ao mesmo tempo, isto deve intensificar a crise de crédito, com conseqüências potencialmente negativas para as companhias e os consumidores. O colapso dramático do Lehman Brothers também já abalou as bolsas, com os preços de ações despencando em todo o mundo.

Outro grandes banco de investimentos, o americano Merrill Lynch passa por problemas semelhantes. Isso também afetaráo Bank of America que anunciou uma fusão com a instituição, envolvendo cerca de US$ 50 bilhões.
A maior dor de cabeça, porém, é em relação à seguradora AIG, uma das maiores do mundo. Ela teria pedido ao banco central americano, o Federal Reserve, um empréstimo de curto prazo de US$ 40 bilhões. Com a AIG em dificuldades, milhões de consumidores e companhias seriam afetados em todo o mundo. O sistema financeiro como um todo também seria atingido.

Tesouro dos EUA em ação

Quando o Bear Stearns começou a dar sinais de ser afetado pela crise, o Tesouro americano ajudou o JP Morgan Chase a comprá-lo. Além disso, na semana passada, o governo na prática nacionalizou as firmas de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac, que entre si possuem ou avalizam cerca de metade do mercado de hipotecas americano, avaliado em US$ 12 trilhões.

Os contribuintes americanos correm o risco de ter um prejuízo de bilhões de dólares com essas injeções de recursos, por isso está cada vez mais difícil politicamente para o governo socorrer companhias privadas.

Ao rejeitar conceder garantias para uma operação de compra do Lehman Brothers pelo banco britânico Barclays, analistas dizem que o Tesouro americano traçou uma linha para demarcar a vontade de usar dinheiro público no resgate a bancos que tomaram decisões equivocadas.

Em vez disso, autoridades preferiram apoiar o sistema de outras formas, anunciando medidas para facilitar o acesso de empresas com dificuldades financeiras a créditos de emergência.

Fonte: POrtal do Estadão

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