sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mais uma pausa para reflexão

A economia do fim do mundo

Adalberto Marcondes*

O mundo perdeu mais de um trilhão de dólares desde o início da crise nos mercados financeiros internacionais. Empresas e países estão contabilizando os prejuízos e certamente muitas pessoas serão afetadas. Dos mais de seis bilhões de habitantes da Terra cerca de dois bilhões vivem neste mundo de faz de conta onde o dinheiro deixou de ser um instrumento de compra de produtos e serviços para ser uma ficção financeira. O restante vive em um mundo onde o dinheiro vale pela comida que pode comprar. E, se não há dinheiro, arranja-se algo para trocar pela comida. O mundo real sempre se ajusta.

No entanto, a crise no modelo econômico baseado nas finanças internacionais é, também, uma brisa sobre outros grandes problemas da humanidade. O mundo ganhou um tempo para que a Terra encontre saídas para questões realmente vitais. Menos dinheiro vai representar menos atividades econômicas e, certamente, menos queima de combustíveis fósseis. Menos comércio internacional vai representar, também, menor preço para as commodities e, portanto, menos pressão sobre as áreas de floresta. A Amazônia vai ganhar um fôlego. Os tradicionais compradores de carne e soja não estarão mais tão ávidos por estes produtos, ao menos nos próximos meses.

A economia é uma ciência interessante, perde toda a sua racionalidade ao menor sinal de problemas. E quando os atores econômicos entram em pânico a economia entra em recessão. Isto quer dizer que a atividade econômica pára de crescer e recua. Bom, isto pode representar um ganho considerável se pensarmos em termos dos dilemas ambientais do planeta. É preciso fazer a conta de quanto CO² deixará de ser emitido nos próximos meses ou anos. Cruzar esta informação com as projeções do IPCC e ver os ganhos da crise.

A área ambiental ganhou um tempo precioso. Enquanto os financistas fazem as contas das perdas, é preciso que os cientistas e gestores ambientais façam as contas dos ganhos. O recuo das atividades econômicas é, também, a oportunidade de reconstruir a economia dentro de novos paradigmas. A própria geração e acumulação de riquezas foi colocada em xeque. Afinal, que sistema é esse para se guardar dinheiro que permite que mais de um trilhão de dólares deixe de existir em apenas duas semanas. E não é a primeira vez, a lembrança da quebra das empresas de internet ainda é fresca, quando milhares de “ponto com” viraram “ponto morto”.

Quando aconteceram crises na Coréia e na Rússia os analistas disseram que eram na periferia do sistema. Bem, Wall Streeet está no centro do mundo. E a queda deste muro pode fazer o mundo buscar outro ponto de equilíbrio. Algo mais próximo da sustentabilidade e não da busca pelo crescimento eterno baseado em recursos finitos.

É preciso minimizar as perdas para evitar uma recessão que leve à fome e mortes pelo mundo. Mas é preciso, também, pensar em fortalecer economias que são focadas em gerar alimentos, habitação, saúde, educação e bem estar. Bens de consumo devem ter utilidade e longevidade. O modelo da obsolescência e do descartável não serve para o futuro. Foi uma forma de inflar a economia mundial e gerar mitos, mas na pode ser transportado para as futuras gerações.

As bolsas de valores ao redor do mundo vão sair deste círculo vicioso de quedas provocadas pelo pânico. E quais são as empresas que vão ressurgir mais fortes? Empresas focadas na sustentabilidade são as que têm mais chances de ser fortes e lucrativas quando a crise acabar. As apostas no velho modelo estão sendo cobradas. Depois da crise é um bom momento para mudar o jogo, apostar em regras mais transparentes e empresas mais comprometidas com a realidade de um planeta finito.

* Editor da Envolverde
http://dalmarcondes.blig.ig.com.br/

Pausa para reflexão

Mantra para lidar com tênis usados e outras bugigangas tóxicas

José Maurício de Oliveira*

Calma: não é culpa sua - ou apenas sua. Há, sim, um tantinho de terrorismo nessas listas imensas de coisas que você deve fazer para impedir que todos morram soterrados pelas montanhas de lixo que descartamos por aí.

Sempre que as leio, fico com aquela impressão incômoda de que, em última instância, eu sou o responsável pela crise ambiental em que nos metemos - e por sua solução, quando criar vergonha na cara e mudar meus hábitos e escolhas.

É verdade que alguns são mesmo injustificáveis, como fumar um cigarro atrás do outro enquanto batuco aqui no teclado. Outros nem tanto, mas não vejo problemas em fazer diferente.
A barra pesa mesmo quando penso, por exemplo, em aposentar o notebook movido a lenha que usei nos últimos cinco anos - e sou até capaz de ver o presidente do sindicato dos redatores de listas com seu imenso dedo apontado na minha direção, bradando ao mundo que estou cometendo um crime contra a humanidade.

Aprendi a exorcizar essa figura gritando um palavrão: LOGÍSTICA REVERSA PÓS-CONSUMO!!!

Calma, de novo. Não tirei esse mantra de nenhum ritual pagão do povo veda ou coisa que o valha. Tá certo que saiu da cabeça de algum economista ou engenheiro, o que pelo menos pra mim acaba dando no mesmo. Mas é bem mais simples do que parece.

É como dizer que tudo o que sai das linhas de produção tem de ser recolhido ao final do ciclo de vida, cabendo ao Estado e às empresas (não necessariamente nessa ordem) a responsabilidade de prover os meios para que isso aconteça.

É a lógica que preside os sistemas públicos de coleta de lixo, por exemplo. Você descarta, o Estado recolhe e cuida da destinação final, em aterros sanitários, incineradores etc. E também as redes de reciclagem e reaproveitamento, quase sempre precárias e informais - e aqui começa o problema que muitos tentam transferir exclusivamente para nós, consumidores.

A imensa maioria dos municípios brasileiros lida com o que descartamos pelo famoso programa mínimo: coleta aqui, ali e joga tudo junto mais lá na frente, nos lixões. E isso quando fazem. Há também algumas (poucas) regras específicas para resíduos perigosos à saúde pública, como os rejeitos radiativos e o lixo hospitalar, que nem sempre são seguidas. Nessa batidinha, o Estado toca a sua parte da partitura.

Já as empresas… bem, as empresas, com as raras exceções de praxe, parece que gostam mesmo é de assobiar e sair de fininho quando essa música toca. É como se elas dissessem:
— Quebrou, gastou, morreu? Problema seu, meu rei!

Não, definitivamente não é um problema só meu. Posso até consumir menos e melhor, como propõem os redatores de listas. Mas ainda assim, o que faço com a geladeira que minha sogra deu de presente de casamento há vinte e tantos anos? Com o monitor de fósforo verde do primeiro computador que comprei ainda nos tempos da reserva de mercado? Com o celular número 44 que herdei de um fura-filas da Telesp e arregaçou anos a fio os bolsos das minhas calças?
E isso sem contar coisas mais banais, de menor interesse arqueológico, como pilhas, baterias, cartuchos de impressora, entre tantas outras bugigangas tão tóxicas quanto tênis de adolescente.
O duro é saber que boa parte delas tem lá seu valor. Devidamente desmontadas, separadas e reprocessadas, podem retornar à ponta de entrada dos sistemas produtivos, ajudando a reduzir nossa pegada ecológica - outro objeto de fixação dos redatores de listas.

Custa às empresas, tão eficientes na criação de redes de distribuição de mercadorias, que costumam chegar até a porta de nossas casas, organizarem-se para recolher os cadáveres que nos obrigam a espalhar pelo caminho?

Pelo jeito custa, sim, mais do que gostariam de gastar após conferir as planilhas. Só isso poderia explicar porque o princípio da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, hoje tão aceito em tese quanto as práticas de eficiência energética e produção mais limpa, ainda não deixou o reino intangível dos simpósios e mesas-redondas.

É por isso que me propus a só levar a sério listas que comecem com a única ação que pode, no atacado, indicar o caminho para virar esse jogo sujo que fazemos contra nós mesmos:
— marcar dia e hora para reunir todo mundo, no mundo inteiro, nos locais públicos mais próximos de suas casas, para berrar em uníssono: LOGÍSTICA REVERSA PÓS-CONSUMO!!!
Talvez aí parem de nos tratar como consumidores e passem a nos ver como cidadãos.

*José Maurício de Oliveira é jornalista, separa o lixo e apaga a luz quando é o último a sair. Mas não acredita que vá salvar o planeta quando faz isso.
É diretor de Redação do Mercado Ético.
http://mercadoetico.terra.com.br/

Inflação é efeito que população mais teme na crise

por Carlos Lopes
Politica&PoderSantafé Idéias
http://www.santafeideias.com.br/

A inflação é o efeito que desperta maior temor na população com renda familiar até R$ 1.200, de acordo com pesquisa do Ibope sobre a percepção da crise financeira. O aumento dos preços dos “produtos em geral” é destacado por 35%, enquanto 30% dizem temer a alta dos alimentos. A perda do emprego é lembrada por 20% e a impossibilidade de pagar prestações, por 13%.

A pesquisa foi encomendada pela agência de publicidade 141 SoHo Square, que atende a clientes que vendem para as classes C e D, e publicada nesse domingo pelo “Estado de S. Paulo”. O Ibope ouviu 400 pessoas entre os dias 7 e 9 de outubro, nas cidades de Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. A margem de erro utilizada foi de mais ou menos cinco pontos percentuais.

Voltada para uma faixa específica de consumidores, a pesquisa cobre um universo pequeno de pessoas localizadas em grandes centros urbanos. Revela, por isso, um nível razoável de informação – 69% têm algum conhecimento da crise, que traz preocupação a 75%, dos quais 34% se dizem muito preocupados. O segmento mostra expectativas conservadoras do ponto de vista econômico.

Questionados sobre efeitos da crise no Brasil, 25% consideram que os problemas vão chegar nos próximos anos e 42% concordam que já chegaram. Se 10% respondem que a crise é exagero da imprensa, 16% reconhecem sua existência, mas acham que ela não vai chegar a se refletir no Brasil. Como conseqüência do fenômeno, para 56% a economia deve crescer mais lentamente. São 23% os que avaliam que o ritmo de crescimento não muda. Já 18% acreditam que o país possa parar de crescer.

A afirmação que o governo está “bastante preparado” para enfrentar a crise é atestada por 16% dos entrevistados. Outros 46% dizem que o governo está preparado, mas vai ter dificuldades para resolver a situação. E 38% não acreditam nesse preparo para enfrentar a crise.
A expectativa de 45% dos entrevistados é de que o Natal “vai ser mais magro do que o do ano passado”. Para 31% vai ser igual e 21% acreditam em um Natal “mais gordo”. Em comparação com 2008, o próximo ano deve ser muito melhor para 15%, melhor para 39% e igual para 26%.

Sobre as finanças do país, 68% acham que a situação não está muito bem agora. Esse grupamento se divide ao meio quando se abrem perspectivas: 34% dizem que vai melhorar; e 34%, que vai piorar. Os 16% mais otimistas vêem o Brasil bem, com tendência a melhorar, enquanto 13% concordam que a situação está equilibrada.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Bandas podem ser bons negócios

Por Lia Sahadi
Especial para este Blog

Mauro Sérgio Gomes Cavalheiro, 36 anos, natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo ganha dinheiro fazendo o que mais gosta: cantar.. Começou aos 13 anos de idade em uma banda chamada Hora H, formada por amigos e apenas por diversão.
Mas, diante da necessidade de ajudar financeiramente em casa, o jovem cantor iniciou, aos 16 anos uma carreira profissional para valer fazendo apresentações com a Banda Londres. Após cinco anos na banda, recebeu um convite do grupo Cruzeiro do Sul, muito conhecido na região, para ser o vocalista principal. Aceitou o convite e lá permaneceu aproximadamente outros cinco anos.
Já bastante experiente, resolveu montar a sua própria banda com músicos com os quais se identificava, buscando fazer um bom trabalho e, com isso, crescer financeira e profissionalmente. Relembrando os velhos tempos, resolveu nomear a nova banda de Hora H.
Passaram-se 11 anos e, hoje, a banda conta com oito integrantes : um cantor, uma cantora, um casal de bailarinos, um baixista, um tecladista, um guitarrista e o baterista. Animando todos os tipos de festa, como bailes de formatura, casamentos e shows de datas comemorativas. Já chegou a reunir em uma só festa mais de 100 mil pessoas na virada do ano na cidade de Ilha Comprida, litoral paulista.
A banda viaja por todo o Brasil levando seu som contagiante. Com uma estrutura de som, luz e produção, não tem como não se embalar com sons nos ritmos axé, anos 60, 70, 80, Forró, Samba, Pop, Rock, Românticas além de músicas atuais. Os integrantes da banda trocam diversas vezes de figurinos, para adequá-los ao estilo musical cantado. Com muita satisfação, Mauro conta que abriu shows de bandas consagradas como Kid Abelha e Placa Luminosa.

Fã de Lobão, o cantor diz que no começo de sua carreira teve o conhecido cantor e compositor como influência musical, mas que hoje já adotou seu próprio estilo. Cobrando na faixa de R$5 mil a R$ 6 mil reais por show, e fazendo em média cinco shows por mês, Mauro diz que tudo o que conquistou até hoje foi graças ao seu talento e trabalho. Adora ter o próprio negócio e não precisar dar satisfações a nenhum patrão.

“ Ter o próprio negócio é muito bom pelo retorno que tem. Mas isso significa trabalhar mais, pois além de cantor, sou o empresário, cuido das vendas dos shows, da produção e da administração da banda”, completa.
Para saber mais, visite o site:
No endereço acima você pode conhecer melhor os integrantes da Banda, ver fotos, além de ter acesso aos contatos.

Congresso debate efeitos da crise no Brasil


por Carlos Lopes

Politica&PoderSantafé Idéias

O Congresso vai debater a crise financeira e seus efeitos no Brasil. É com esse objetivo que a Câmara realiza uma comissão geral, nesta terça-feira (21) e a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado se reúne extraordinariamente na quarta (22). Guido Mantega e Henrique Meirelles estarão nos dois eventos.

A reunião da Câmara ainda deve colocar em pauta a formalização da autonomia operacional do Banco Central, como defende o partido Democratas. Como o DEM é um dos principais partidos do Senado, é provável que o tema também seja abordado naquela Casa.

Efetivamente, não se deve esperar muito da comissão geral da Câmara, assim como da reunião no dia seguinte na CAE do Senado. A tendência dos membros do Executivo é de apresentar discursos destacando as boas condições da economia brasileira diante do mundo. Apesar disso, não se deve perder de vista a possibilidade de surgirem informações aqui e acolá. Exemplo disso é o “pacote” que o governo está para anunciar com o objetivo de ajudar o setor de construção civil. Os comentários são de um volume da ordem de R$ 3 bilhões.

Embora o ministro Guido Mantega continue a se mostrar otimista, defendendo como medida anticíclica que o país não coloque o “pé no freio” o governo quer evitar reflexos da crise no emprego. Os dois milhões de empregos formais já registrados em 2008 explicam, em parte, os excelentes índices de popularidade do governo e do presidente Lula.

Esse cenário pode mudar, não havendo dúvidas de que tais impactos preocupam o Palácio do Planalto. Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesse domingo no “Estado de S. Paulo” mostra que a crise já está afetando as expectativas da população, na qual 45% esperam “um Natal mais magro do que no ano passado”. A pesquisa ouviu 400 pessoas com renda familiar até R$ 1.200, classificadas nas classes C e D. Segundo o Ibope, 69% ouviram falar na crise e 42% acham que ela já chegou ao Brasil.

A última semana antes da realização do segundo turno eleitoral, com indefinições em centros como Rio de Janeiro e Salvador e possibilidades de reversão que ninguém despreza, reservam ao Congresso basicamente o debate econômico. Nem Câmara nem Senado prevêem sessões deliberativas no período.