por Eliane Catanhede
Folha Online
Barack Obama, o senador negro, nascido no Havaí, filho de queniano, é um salto histórico enorme. Um salto de qualidade, pela simbologia, pela concretização de uma mudança profunda. Mas é também um salto no escuro. Aos 47 anos, é bastante jovem para o desafio, jamais ocupou cargos executivos de ponta e era um desconhecido não apenas no mundo, mas dentro do próprio EUA, até sair da cadeira de senador e bater a então imbatível Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata.
Para fazer um bom governo, um governo tão histórico quanto sua eleição, Obama conta com fatores objetivos e subjetivos. O mais objetivo de todos é a força política: ele venceu com uma expressiva margem de votos, contrariando as sempre apertadas eleições americanas (vide a do próprio Bush...), vai unir um democrata na Casa Branca com uma sólida maioria democrata no Congresso, contrariando a tradição, e chega ao poder da maior, ou única potência, com uma simpatia internacional poucas vezes vista.
Além disso, Obama ele se beneficiou indiretamente da crise na campanha, mas não será tão fortemente prejudicado por ela no governo. Sua campanha foi de certa forma favorecida pela crise financeira que se alastrou pelo mundo e foi uma trombada nas pretensões do republicano John McCain, sua vitória se apoiou na bandeira da "mudança" e, ao assumir em 20 de janeiro de 2009, deverá encontrar um ambiente econômico muito mais sereno, ou pelo menos muito menos assustador.
Seu desafio será recolocar as contas públicas, o balanço de pagamentos e os indicadores macroeconômicos americanos no lugar. Mas sem o desespero da crise de setembro e outubro. Não será fácil, o risco de frustração existe, mas não é impossível. O primeiro passo é acertar na equipe, com os homens e mulheres certos nos lugares certos.
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